Rodrigo Santos de Oliveira
338 páginas
ISBN 9788594591654
Os estudos sobre o integralismo estão na ordem do dia e este livro vem em boa hora. Em primeiro lugar, pela inequívoca atualidade do tema, quando muitos questionam se o Brasil está a viver algum paralelo em torno dos fascismos do entreguerras, ou mesmo da construção de formas “neofascistas” alternativas para o presente-futuro. Mas, além disso e não somente pelo tema em questão, Rodrigo Santos de Oliveira nos brinda com uma importante contribuição à historiografia.
Ao analisar as estruturas, estratégias e valores da imprensa da Ação Integralista Brasileira, a obra nos fornece importantes pontos de compreensão sobre as estratégias para a construção de um Estado Integral, assim como de uma alternativa fascista para o Brasil em torno de uma “era dos fascismos”. Esse projeto de “modernidade alternativa”, que tinha na imprensa um de seus principais vetores, deixou legados que ultrapassam inclusive a principal experiência institucional integralista. Seja a partir de críticas à democracia liberal, mas sobretudo pelo fortalecimento de um imaginário anticomunista, o integralismo e a imprensa integralista contribuíram de modo significativo para o fortalecimento de vias autoritárias e de perspectivas do conservadorismo na história política brasileira.
Além disso, a obra nos traz uma grande contribuição do ponto de vista historiográfico e dos estudos do integralismo. Por meio de uma criteriosa abordagem das fontes e da análise em torno da historiografia “clássica” do tema, o livro fornece uma interpretação original sobre os sentidos e usos da imprensa integralista. Embora a liderança de Plínio Salgado estivesse relativamente garantida ao longo da história do integralismo, de fato o integralismo não era um bloco monolítico, assim como a imprensa não era apenas um instrumento de transposição às massas. Afinal de contas, por meio dos impressos, os integralistas estavam não apenas a pensar a sua realidade, mas também buscavam adequá-la, assim como delinear a projeção de uma futura nação integralista.
Assim, o livro nos leva a refletir não somente sobre o fascismo no Brasil, mas também sobre os usos dos meios de comunicação e os legados dessas experiências para a direita radical brasileira
Odilon Caldeira Neto