Autora: Lorraine Daston
Organização: Tiago Santos Almeida
Tradução: Derley Menezes Alves e Francine Iegelski
ISBN: 978-85-9459-060-2
“Aquilo que eu entendo por epistemologia histórica é a história das categorias que estruturam nosso pensamento, que modelam nossa concepção da argumentação e da prova, que organizam nossas práticas, que validam nossas formas de explicação e que dotam cada uma dessas atividades de um significado simbólico e de um valor afetivo. Essa epistemologia histórica pode (e, de fato, ela deve) remeter à história das ideias e das práticas tanto quanto à história das significações e dos valores que constituem as economias morais das ciências.”
(Lorraine Daston)
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Nesta coletânea, os leitores terão a oportunidade de encontrar pela primeira vez traduzidos no Brasil os artigos da historiadora das ciências Lorraine Daston sobre a objetividade nas ciências. De longa data a autora tem tratado deste tema. Um dos pilares da ciência moderna, a objetividade científica foi considerada eterna e pouco problematizada por historiadores, uma vez que se pressupôs que o assunto estaria recortado dentro de uma Epistemologia eminentemente a-histórica. Não que se condene o campo epistemológico como infrutífero para inquirição histórica da objetividade, muito pelo contrário. É através de um programa de Epistemologia Histórica defendido por Daston, que ela fecunda suas análises. Como ela afirma, a objetividade nas ciências tem uma história, e ela não é linear. Esta objetividade foi de par com a construção de uma maneira de valorar certas virtudes epistêmicas, que conformaram ao mesmo tempo um modo de conhecer científico.
Lorraine Daston é certamente um dos nomes mais influentes e renovadores da recente História das Ciências. Através de assuntos muito diversos, tais como a probabilidade, os experimentos científicos, os monstros, a objetividade e os próprios objetos, a autora cria uma abordagem histórica que se quer ao mesmo tempo conceitual, concreta e sensível, perscrutando o conhecimento da natureza e das coisas, buscando nesse procedimento compreender como se reconfiguram no tempo ciência, cultura e arte, nelas implicando a constante reformulação do campo moral e da subjetividade.
Kaori Kodama (Casa de Oswaldo Cruz – Fiocruz)