Bruna Angotti
290 páginas
Da Solidão do Ato à exposição judicial é um livro tão denso que muitas outras possibilidades de análises e pesquisas podem dele germinar, qualidade que eu considero peculiar aos ótimos trabalhos. Além disso, ele reforça um já grande conjunto de pesquisas antropológico-jurídicas que vem alertando profissionais de outras áreas, especialmente do direito, para o quanto se fazem imprescindíveis abordagens interdisciplinares de muitas situações que chegam aos fóruns, talvez de todas. E não penso apenas em uma interdisciplinaridade analítica, mas também em responsabilidades compartilhadas em relação aos desfechos dos julgamentos que, com certeza, quando redundam apenas em punição e encarceramento, mais contribuem para aprofundar problemas do que para resolvê-los.
Certos “remédios” processuais-penais são, em si mesmos, e independentemente do encarceramento ou não das pessoas julgadas, soluções que nada solucionam, pois produzem mais sofrimento a quem dele já é refém. Um “rizoma” de saberes talvez possa encontrar e produzir outras saídas e um mundo um pouco mais justo e melhor.
Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer