Weber Lopes Góes
ISBN 9786559531677
345 páginas
Estamos cansados de escutar que a violência policial, o encarceramento e o punitivismo jurídico afetam de forma desproporcional a população Negra brasileira. Relatórios e estatísticas reforçam essa realidade cujos índices se movem timidamente na direção certa de acordo com o projeto politico de cada novo presidente eleito. As notícias, “a vida como ela é”, aparecem na televisão, no jornal, na internet, mas, dada a sua frequência ocorre a “naturalização” do crime no lugar da pessoa preta. “O outro”, “pessoa de má índole”, “não confiável”, “passível de cometer um crime” são estereótipos construídos historicamente com a finalidade de validar a ideia de que o inverso é também verdadeiro: o branco como sinônimo de universalidade, boa conduta, confiabilidade, retidão.
É neste cenário que a Segregação e Extermínio se apresenta. O autor investiga a história da eugenia há mais de uma década e suas relevantes contribuições sobre Renato Kehl (presentes em seu primeiro livro e, agora, com esta pesquisa de doutorado) colaboram para a expansão do campo de pesquisa como um objeto autônomo e não somente uma vergonhosa nota de rodapé na história da elite brasileira. Além disso, o trabalho de Góes colabora com a ampliação das possibilidades de pesquisa demonstrando que houve uma intencionalidade na criminalização de pessoas pretas em São Paulo e no Brasil, que se desdobraram em encarceramento, através do uso de uma documentação robusta e dados específicos que corroboram sua tese. Segregação e Extermínio desafia o cânone historiográfico que determinou conceitos e limites aos estudos sobre a eugenia no Brasil e que devem seguir sendo desafiados por trabalhos futuros. O diálogo entre as diferentes correntes metodológicas possibilitarão expandir e visibilizar a complexidade do movimento eugênico no Brasil, suas inúmeras nuances e intersecções de raça, gênero e classe, possibilitando que suas permanências e rupturas sejam melhor visualizadas! Façamos a luz da verdade, com foco sobre as sombras e os sobreviventes resilientes.
Pietra Diwan