Sandro Luiz Bazzanella;
Cintia Neves Godoi;
Jairo Marchesan (org.) (orgs.)
94 páginas
ISBN 9786559531691
O que está em questão nesta obra é o esforço compreensivo em torno da recepção e trajetória no Brasil da ideologia, ou do discurso do desenvolvimento. E, sobretudo, de exercício reflexivo sobre os diversos discursos do desenvolvimento e, a intensa disputa que ensejaram entre os grupos sociais e de interesse em torno do projeto de desenvolvimento nacional na primeira metade do século XX. Mas, também de reconhecer neste transcurso histórico, social e político a interrupção por meio de um golpe civil, midiático, empresarial-militar das iniciativas em torno de um projeto de desenvolvimento nacional ...”
“… O Brasil dos anos 1990, agora governado por civis se encontra diante das exigências da globalização, de uma economia cada fez mais desterritorializada e, por extensão da implementação da agenda política, econômica e social neoliberal …”
“...Assim, chamamos a atenção para o fato de haver uma lacuna da discussão sobre desenvolvimento nacional, talvez em grande medida pelo esvaziamento autoritário do referido debate promovido pelo golpe militar, ao mesmo tempo parece ter havido um caminhar diverso para debates sobre desenvolvimento que não o nacional, mas sim local, e regional, que se configurou após o período ditatorial acima discutido. Dentre os desdobramentos desta transformação, parece ter havido o investimento em programas stricto sensu em Desenvolvimento Regional ...”
“Neste novo contexto parece já não haver mais as condições políticas e econômicas para ensejar um projeto de desenvolvimento nacional. A ordem é flexibilizar, desregulamentar, privatizar, adaptar o Estado à condição de agência garantidora dos contratos com os fundos de investimentos internacionais. Manter a segurança jurídica e coercitiva interna como garantia da lei e da ordem para que o capital especulativo se sinta seguro em suas estratégias de saque da riqueza socialmente produzida, mas privadamente usufruída.” Esse é o desafio. (Ladislau Dowbor, 13.12.2023).
“… sob tais pressupostos constata-se nos anos 1990 a retomada dos debates acadêmicos sobre desenvolvimento, sobretudo na perspectiva regional, na medida em que as demandas políticas, sociais e econômicas majoritárias no governo do país parecem ter abandonado o desafio do desenvolvimento nacional. Associada a esta condição, verifica-se um movimento de interiorização do ensino superior realizado, sobretudo por instituições comunitárias (mais intensamente nos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul), confessionais e, privadas. São nestas instituições que as demandas de estudo, compreensão e, quiçá, de intervenção na dinâmica do desenvolvimento regional se apresentam com maior incidência. Programas de Stricto Sensu em desenvolvimento são criados nestas universidades localizadas no interior do país, com o objetivo de compreender a dinâmica sociopolítica, econômica e cultural regional e, desta forma, contribuir com as demandas de ação pública, privada e comunitária regional em função dos desafios de desenvolvimento local e regional.” Associado a este objetivo também se apresentava a necessidade de formação de professores para as diversas instâncias de ensino, bem como de profissionais para atuar na iniciativa pública e privada nestas regiões interioranas do país…"